O Projeto LIFE LINES caminha para o seu fim [término em maio de 2021] e no passado dia 13 de Janeiro foi tempo de sintetizar algumas ideias e partilhar experiências com outros projetos e investigadores no Seminário Final do Projeto, evento integrado na Conferência Internacional IENE2020 [+ informação sobre a conferência aqui].
O Seminário contou com 150 participantes de 3 continentes e 21 países, como Espanha, Reino Unido, Myanmar, Canadá ou Brasil. O painel de comunicações realizadas nas duas sessões dedicadas ao Seminário Final do LIFE LINES teve como oradores investigadores do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Departamento de Biologia e Unidade de Biologia da Conservação da Universidade de Évora, do CIBIO – InBio da Universidade do Porto, alguns beneficiários do projeto LIFE LINES (Infraestruturas de Portugal e MARCA – Associação de Desenvolvimento Local), e representantes da Agência Portuguesa do Ambiente, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e Liga para a Protecção da Natureza.
Deste seminário destacamos os resultados preliminares do projeto LIFE LINES, no âmbito do qual foram implementadas 35 ações durante 5 anos. Para além de explorar soluções inovadoras e eficazes para mitigar e reduzir os efeitos negativos das infraestruturas lineares em comunidades de animais selvagens e plantas, o Projeto tem como objetivo o restauro de habitats degradados, fomentar o funcionamento do ecossistema e promover a conectividade da paisagem através de soluções demonstrativas e inovadoras. Até ao momento, os resultados da monitorização mostraram que a maior parte das ações de conservação apresentam resultados positivos, contribuindo ativamente para um aumento geral da abundância e riqueza das espécies, bem como para uma diminuição da sua mortalidade. Destaca-se o caso do grupo dos anfíbios, com um aumento da abundância total (+146%) desde o início do projeto, e do número de espécies, que passou de nove a dez. Ainda para este grupo, a monitorização dos atropelamentos de fauna revelou que a mortalidade diminuiu cerca de 90%. Em micro-reservas implementadas debaixo de postes de média e alta tensão [com o objetivo de promover refúgio e aumentar a conectividade entre as comunidades de espécies de animais e plantas] verificou-se um aumento da abundância de micromamíferos e borboletas, paralelamente a um aumento da abundância e número de espécies de plantas.
Mas o projeto é também mensurável pelos seus efeitos a longo prazo, expressos nos indicadores socioeconómicos. Foram desenvolvidas inúmeras atividades que envolveram dezenas de voluntários, alcançaram milhares de pessoas de todas as idades através de ações de sensibilização e divulgação ambiental, geraram receitas para associações locais e contribuíram para a implementação da Estratégia Europeia de Infraestruturas Verdes.
Estamos certos de que o sucesso deste projeto se deve ao empenho e atitude de “mãos na massa”, de todos os envolvidos, permitindo a implementação de todas as ações, chegando às populações locais e encorajando a implementação de medidas de minimização dos impactes de novas infraestruturas lineares e adaptação das existentes.
Recorde-se que o Projeto LIFE LINES é um projeto cofinanciado pelo Programa LIFE – Natureza e Biodiversidade da Comissão Europeia, coordenado pela Universidade de Évora em parceria com a Universidade de Aveiro, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as Câmaras Municipais de Évora e Montemor-o-Novo, a Infraestruturas de Portugal S.A., a Marca – Associação de Desenvolvimento Local e a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. Tem ainda como colaboradores a EDP -Distribuição, REN (Redes Energéticas Nacionais) e a Guarda Nacional Republicana.