A eleva proliferação das infraestruturas lineares é uma característica recente das sociedades humanas e ocorreu de forma exponencial a partir de meados do século passado. Portugal, não é exceção e o seu território é atravessado por dezenas de milhares de quilómetros de rodovias, ferrovias e linhas elétricas de transporte e distribuição de energia, sendo mesmo um dos países da Europa onde a densidade de estradas pavimentadas e autoestradas, per capita, é mais elevada. Atualmente, no Mundo e em Portugal, estas características longilíneas são uma característica comum das paisagens modernas, e as mais-valias económicas e sociais que lhe estão associadas são reconhecidas por todos.

O termo biodiversidade significa a variedade total da vida na Terra e inclui, os genes, as espécies, as comunidades e ecossistemas e os processos ecológicos nos quais estes intervêm. É difícil atribuir um valor monetário à biodiversidade. Várias equipas de cientistas e economistas tentaram fazer estimativas do valor global da biodiversidade e, na generalidade dos casos, chegaram a valores enormes e superiores aos inicialmente suspeitados. Muitos defendem mesmo que o facto da sobrevivência humana depender do normal funcionamento dos ecossistemas é condição necessária e suficiente para que aos bens e serviços associados à biodiversidade seja atribuído o valor supremo, que é inestimável.

As infraestruturas lineares têm efeitos negativos na biodiversidade. Dos impactes mais significativos salientam-se o incremento da mortalidade por atropelamento, colisão ou eletrocussão, a fragmentação e degradação dos habitats e o efeito barreira ao movimento dos organismos. As vias de transporte terrestre são também um canal privilegiado para a introdução de espécies exóticas invasoras através da disseminação de sementes pelos veículos que nelas circulam. Nos últimos 20 anos, as relações entre a presença destas infraestruturas e as comunidades naturais têm sido amplamente estudadas com vista a encontrar soluções que minimizem estes impactes. A maior parte das novas infraestruturas já integram passagens específicas para fauna ou a adaptação de outras estruturas (por exemplo manilhas de escoamento da água) que permitem que os animais atravessem as rodovias e ferrovias em segurança; vedações e outras estruturas que dificultam o acesso dos animais às vias reduzindo o risco de atropelamento; dispositivos anti poiso e sinalizadores que reduzem a mortalidade por eletrocussão e colisão em linhas elétricas. Contudo, em infraestruturas antigas, não sujeitas e avaliação de impacte ambiental, estas soluções raramente foram implementadas.

Linhas de investigação recentes testam novas soluções que visam alertar e manipular o comportamento dos animais afastando-os das zonas de risco. A aplicação destas e das anteriores soluções facilitam a criação de uma Infraestrutura Verde associada a estas “linhas” tornando-as” multifuncionais e mais sustentáveis.